domingo, 7 de junho de 2009

mas .ii.jorn mi semblaran .vii.

Deus descansou ao sétimo dia; há sete braços no candelabro. Noé levou sete animais puros para sua Arca. A tradição judaica fala em sete câmaras da Geena e nos sete firmamentos. O Testamento de Rubem fala em sete espíritos do engano; Horácio (Epístolas 1.1.33-40) tem uma lista de sete vícios. Um cenobita do quarto século imaginou oito maus espíritos. Quem coleta essas informações, Solomon Schimmel (The Seven Deadly Sins, 1997, uma data que termina em sete por mero acaso), não se preocupa muito com o número ou com a identidade das listas de pecados ou de virtudes. Seja qual for a razão para um número preciso nas modalidades do Mal, porém, ela não pode ser trivial.

Notar a simetria com o Universo ou com os comandos de Deus é apenas repor o problema. Por que a escolha desse número em particular, o sete? O maior primo antes de dez, o primeiro número depois do número perfeito. Insondável porque foi criado o Mundo em sete dias e tanto assim será porque há sete pecados capitais.

Sete talvez seja uma maneira elegante de dizer que são muitos e variados, mas não inumeráveis, imprecisos, indistintos. Sete não é pouco, não é simétrico, e muitas são as faces do Mal.

O Vaticano, portanto, fez bem em esclarecer, em março de 2008, que não estava editando nenhuma lista de novos pecados ou ampliando o número canônico para incorporar pecados capitais como, por exemplo, jogar esgoto em um rio. A modernidade bem sabe que a desmoralização dos pecados está em seu número infinito.

O fato realmente relevante, pois, é a decisão de rejeitar a indistinção, de insistir em um mapa com pontos precisos, com itinerários de um mal a outro. Tranquilizar-se com a idéia de que o inimigo é finito, que é viável uma estratégia, que não seremos assediados por males desconhecidos, por tentações novas e imprevistas.





(Imagem: Bosch. Sete Pecados Capitais. 1495).

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