sexta-feira, 30 de abril de 2010

Transfretemus trans stagnum

Considera, che affine di ritrovare materia abbondevolissima di umiliarti; non accade che vadi punto fuor di te stesso: cercala pur dentro di te. Se olhas a ti mesmo de fora, verás talvez as honras, o ouro, a autoridade, os que te cortejam e aplaudem. Considera apenas três perguntas: que fostes? que és? que serás? Considera a iniquidade de sua vida passada, a ingratidão da vida presente e a incerteza da vida futura. Sabes como hás de morrer? Vê que nada há de bom que tenha nascido de dentro de ti. Não basta que te humilhes em pensamento, mas que conheças verdadeiramente teu coração. Perche nel tuo cuore convien che alberghi la bassa stima di te, non la bassa stima degli altri. Ma quanto è facile, che succeda l'opposto, mentre tu sempre pensi a gli altrui difetti, non pensi a tuoi?

(marzo iv, Humiliatio tua in medio tui, Oséias 9, 14*)

* Na verdade, Miquéias 6, 14: "Tu comerás, mas não te fartarás; e a tua humilhação estará no meio de ti; removerás, mas não livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada."

Unde acele fiinte cu care am crescut?

"Júris respeitam advogados que lutam duramente e se preocupam com seu cliente. Paixão e compromisso contam e jurados percebem isso na sala do tribunal. Advogados nunca param de lutar por seus clientes. Jurados respeitam advogados que assumem uma posição moral, que relacionam a causa do cliente com princípios fundamentais com isenção, decência e justiça. Bons advogados alcançam o coração e a mente dos jurados e fazem com que se importem. Motivam os jurados a corrigir um erro, alcançar um resultado isento e fazer do mundo um lugar melhor." (Thomas Mauet, Trials. Strategy, Skills and the New Powers of Persuasion, 2005, pág 11).


quinta-feira, 22 de abril de 2010

De unde oar' vine a ta reverie?

Marc de Bonnyers (Arras, 1595; S.J. 1612; Lille, 1615) é um autor jesuíta devidamente biografado na Biblioteca de escritores de sua ordem, publicada pelos irmãos Backer em 1853 na cidade de Liège. É o autor original do Abogado del Purgatório o methodo fácil dispuesto em vários sufrágios com que pueden ser socorridas las animas de todos los estados de personas, publicado em versão para o espanhol na cidade de Valência, em 1678.

Segundo a Biblioteca, é sua única obra, publicada em 1632. Trata-se de uma interessante extensão do modelo legal exposto na nota anterior de Segneri, ao buscar a ajuda de advogados quando Jesus deixou de sê-lo, para assumir o posto de Juiz.

Segundo Boniers, os três principais instrumentos para reduzir o sofrimento dos que estão no Purgatório são as esmolas, o jejum e a oração. Os advogados que têm maior obrigação de atender as almas em expiação são os sacerdotes, os filhos, os casados, os herdeiros e os discípulos. Não havendo precisão sobre o período em que as almas ficam no Purgatório, a verdade é que a idéia de um processo legal de condenação e apelo podia se estender até o dia do Juízo. Há pelo menos uma passagem perturbadora em seu livro, quando narra a experiência de certos prelados que, dormindo próximos a cemitérios, ouviam os lamentos e os gritos das almas no Purgatório ou mesmo recebiam sua visita espectral.


domingo, 18 de abril de 2010

Et accepto calice

Considera, che quell' istesso Signore, il quale ora siede all destra del Padre facendo per te l'Avvocato, dovrà quanto prima leversi su per venirti incontro, non più l'Avvocato, ma Giudice. Por ora, toda a terra te favorece, te alimenta, te sustenta; mas no último dia Jesus deixará esse posto piedoso para te julgar - o mais funesto acidente que pode acontecer a um réu. Quando não há mais para onde apelar, o que então hás de fazer? Enganar a Cristo? Ele não é um juiz humano, não aceita presentes, não respeita pessoas. Ele não se aplaca, não é colérico, não pune por ímpeto, não se pode fugir, mas não te condenará sem ouvir tua defesa. Ele de tudo sabe e te resta duas defesas: desculpas ou escusas. As escusas são inúteis porque a culpa existe; restam as desculpas. Há duas espécies: por ignorância ou por fragilidade. Como alegar, contudo, ignorância, tendo vivido em meio à Cristandade? Como alegar fragilidade, se hás cometido tudo por vontade própria? Se não buscastes a ajuda divina? Não resta, assim, senão a sentença da eterna condenação. Que hás de fazer: correr aos campos, despenhar-te em precipícios? Que benefício poderia trazer-te? Não é mais tempo de súplicas, mas de suplícios. Se fusse chi te sentenzia un' huomo straniero, un'alieno, un'avverso, gli potresti dare eccezzione, come a crudele. Ma un'Avvocato! Uno ch'à per te sparso in Croce tutto il suo sangue e che alla destra del Padre non ha poi fatto altro mai qie pregare per te, che perorare per te, che cercare in tante maniere di darti il Cielo! Non può la sua sentenza non essere inappellabile, se ti condanna all'Inferno.

(marzo iii, Quid faciam cum surrexerit, Jó 31.14)