quinta-feira, 28 de maio de 2009

ben leu non sai de ja

O problema representando por um limite desconhecido que pode ou não ser alcançado por um processo cumulativo é pervasivo na experiência humana. Paolo mostra abaixo que não importa quão quotidiano e permanente o seu temor de Deus - há apenas a esperança. É certo, porém, que sem esse temor, a condenação é quase certa. É o mesmo problema clássico da ciência política: o voto. A contribuição individual é irrelevante - não deveríamos votar. Por várias décadas, foi chamado paradoxo do voto, posto que a premissa individualista parecia incontornável e, no entanto, a imensa maioria dos eleitores vota ou julga votar relevante em suas vidas. Deus pode fazer exigências insólitas, mas a crença na salvação não parece abalada. Ano passado, Richard Tuck, professor de governo em Harvard, ofereceu uma razoável tahafut do paradoxo. Um bom trecho:

"Esse último ponto deveria, talvez, ser ressaltado, uma vez que é desconsiderado: a questão chave para Olson é que independentemente do que as outras pessoas contribuam, não temos razão de fazê-lo. Em minha interpretação não é assim. Ou pomos em operação uma coordenação exata, sabemos que somos confrontados com um patamar, ou somos forçados a operar uma coordenação menos exata, sabendo que, portanto, cada um de nós tem uma oportunidade razoável de contribuir para o resultado desejado. De qualquer modo, se há contribuidores suficientes, temos uma razão para contribuir; e dado que temos conhecimento prévio de que este será o caso, todos temos uma razão para construir uma convenção, para que são sejamos tentados à defecção." (Richard Tuck, Free Riding, 2008, pág 62).

Nesse contexto, a reflexão de Paolo é rigorosa ao extremo. A questão não é descobrir a soma limite da cumulatividade, mas a crença fervorosa no limite, crença necessária porque sempre nos será desconhecido. Paolo é feliz, inclusive, na sua nomenclatura, perfeitamente referenciável aos atores do paradoxo do voto. Os "celerados" jamais terão segurança devido às suas próprias estratégias; os "santos" seguem firmes na esperança porque, afinal, crêem.

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