domingo, 16 de agosto de 2009

Quan dui amant fin e coral


Até o momento, não consegui descobrir a fonte usada por Paolo Segneri para atribuir a Mithridates a transformação em porco, em sua nota referente ao 4 de fevereiro. Essa transformação é um tropos comum na Antiguidade, sempre consequência de um comportamento lúbrico ou desordenado. O mais célebre exemplo, naturalmente, é a transformação dos companheiros de Ulisses em porcos por obra da feiticeira Circe. O herói não teve a mesma sorte, como se sabe, por ter recebido um oportuno antídoto.

Curiosamente, há vários pontos de contato entre essa lenda e a referência de Segneri. Circe, segundo algumas versões, fora esposa de um rei sármata e habitara o Cáucaso. Mithridates era rei do Ponto, mas se refugiou na Armênia certa vez. Tinha o hábito de consumir poderosos antídotos para se prevenir de qualquer envenamento. Dormia cercado de animais, para ser avisado da aproximação de um assassiono: um cavalo, um cão e um javali.

Tenho a impressão de que Paolo Segneri produziu uma curiosa associação de idéias.

(imagem: Circe e seus porcos, 1892. Briton Rivière. 1840-1920 )

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