terça-feira, 18 de agosto de 2009

de paradiz fora tots dons.


A nota para o dia 5 de fevereiro traz um registro importante - a escolha de Jesus; e uma idéia belíssima: a opinião que sobre cada um têm os anjos no Paraíso. Não achei ainda a versão que procuro do Tratado do Anjo da Guarda, do padre Antônio de Vasconcellos, cuja primeira parte foi publicada em Évora, em 1621, e a segunda (Obra do Anjo da Guarda), em Lisboa, no ano de 1622, mas é possível adiantar alguns comentários.


Existe um livro recente sobre a existência do livre arbítrio no Paraíso e não me lembro se faz menção à figura empregada por Segneri: a opinião angélica sobre cada um. O que de mim pensam os Anjos? é a pergunta que recomenda. Julgo difícil sustentar, contudo, seriamente, que os Anjos possam ter uma opinião que não seja exatamente a de Deus. Não tendo eles o livre arbítrio, não podem ter um julgamento, sobre nós, que seja independente da condenação ou da graça de Deus.

Há uma exceção, naturalmente: aquele Anjo e seus companheiros que não se curvaram diante do Homem. Estes seriam os únicos Anjos que poderiam, sem contradição, ter uma opinião sobre cada um dos homens.

Sobre a escolha de Jesus Cristo, é inevitável a comparação com a escolha da justiça, tal como exposta por John Rawls. Sua conclusão é conhecida: a incerteza de nossa posição na Ordem do Mundo nos faz racionalmente escolher uma Ordem em que a pior posição pode ser, apesar de tudo, tolerável. Estranha a Justiça de Deus: podendo escolher sua posição na Ordem do Mundo, deixou que lhe coubesse, na condição de Homem, uma completamente intolerável.

(foto: John Rawls)

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