A invectiva de Segneri, seguindo as palavras de Jesus, sublinha, na verdade, a histórica urgência de moderar a mensagem política do cristianismo. Desde seu início, se não é uma religião contra o Estado, é uma religião que impõe limites bem claros ao exercício do poder político e questiona frontalmente o status moral de qualquer autoridade. O Império Romano foi forçado a controlar sua força dissolvente das relações sociais deste mundo, visível na confrontação proposta pelos mártires e pela força do movimento monástico.
Nos dias que vão, há um esforço de convencer milhões de cidadãos de que a política é um domínio existencial relevante. Nas grandes democracias, as lideranças decaem para o status de celebridades do circo e os eleitores pouco se interessam em votar, na ausência de sanções legais. No mundo do capitalismo asiático, os indivíduos seguem satisfeitos com uma liderança forte. O Estado democráticos é frágil como construção de apelo geral, qualquer mitologia autoritária bem ordenada (nazismo, socialismo revolucionário, fascismo, confucionismo de Estado, etc) representa uma ameaça. O cristianismo, uma ameaça ainda maior.
Praticamente no mesmo tempo em que Segneri chamava atenção para a lição de Cristo - a autoridade humana é abominação diante de Deus -, homens de fé na Inglaterra tentavam pô-la em prática. Respeitar a Realeza e a Propriedade é apenas uma forma de idolatria - uma abominação. Não existe autoridade humana diante de Deus, nenhuma posse desse Mundo será justificada no outro.
O ensinamento de Jesus - "meu Reino não é desse Mundo" - frequentemente é descrito como politicamente conformista. Não é.
Gerrard Winstanley. Uma Declaração do Pobre e Oprimido povo da Inglaterra dirigia a todos os que se denominam Senhores de Terras. (1649).
Idem. O Padrão dos Verdadeiros Niveladores. (1649)
Nenhum comentário:
Postar um comentário