O esforço de tornar eterno o efêmero esbarrou, contudo, em realidades mais prosaicas: boa parte das substâncias cosméticas usadas no antigo Egito provocam sérias intoxicações por metais ou irritações cutâneas intoleráveis para os padrões sanitários modernos.
Este é apenas um exemplo da observação precisa de Segneri, baseada em um texto célebre do Evangelho. Adorar as coisas desse mundo, para o homem, é, na verdade, adorar as coisas de apenas um século, talvez menos. Os padrões de beleza, de consumo, de luxo, de ostentação mudam constantemente. O Biltmore Estate, na Carolina do Norte, foi construído como exibição de fortuna privada, passou a museu e está reduzido a um hotel. As ilusões amadas pelos homens de um século são irreconhecíveis para os homens de outro século. Cigarros já foram considerados sinal de riqueza e sofisticação. Amar as coisas desse mundo é amar coisas que estão condenadas à morte ou ao ridículo.
A eternidade tão ambicionada pelos homens, a extensão ou o sentimento da extensão temporal, pode ser apenas sugerida pelas coisas que são eternas, como Deus. Um contemporâneo de Segneri escreveu, no último livro de sua obra sobre ética, que o amor intelectual de Deus é eterno e mais: "do terceiro gênero de conhecimento necessariamente surge o amor de Deus. Deste tipo de conhecimento nasce o prazer acompanhado pela idéia de Deus como causa, ou seja, o amor de Deus; não enquanto o imaginamos presente, mas enquanto o entendemos como eterno".
Representação contemporânea da maquiagem egípcia.
Super interessante. Já leu " O retrato de Dorian Gray - Oscar Wild?
ResponderExcluirEsse livro fala sobre a efemeridade da beleza e da juventude e dos transtornos de amar os prazeres do mundo, lembrei imediatamente ao ler este texto.
Gostei muito, continue postando.
Que bom que gostou! Conheço bem o livro e a idéia do retrato reflete bem o conceito do texto. Mesmo permanecendo jovem, o estilo da pintura ficará antiquado...
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