quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Deseversita eu o vedeam

Notável a definição estabelecida por Segneri para a santidade. Não se trata apenas, sugere ele, de um assunto eclesiástico; também não se prende ao elenco de fatos espantosos ou miraculosos habitualmente descritos pelas vidas dos santos. Sua definição é existencial: a vida do santo é uma espera. Uma forma especial de espera.

Afinal, nossa vida, quase sempre, é definida por esperas. Nos tempos que vão, a vida nunca foi tão demarcada por esperas: pela passagem de cada ano de estudo, pelo progresso na carreira, pelas fases da vida familiar, nascimento, vida e morte, pelo contra-cheque ou pelo próximo prato de comida. A vida é feita de tempo, mas de um tempo que não controlamos, que não podemos interromper, acelerar, pular fases. É preciso esperar.

A vida de cada um depende daquilo que se espera: sucesso, triunfo, comida, prazer. E como se espera: com paciência, com angústia, com terror ou tremor. É uma espera particular que define o santo: a espera pelo melhor, pelo Paraíso depois do Juízo. O santo não tem pressa, nem se ocupa das coisas esperadas nesse mundo, pratos grosseiros, de acordo com Segneri. Querem apenas os manjares mais finos e, por isso, esperam, não buscam.


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