quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

cora ques annes o vengues

James Hollis não deixa que sua formação analítica afete suas boas reflexões. Em Unbidden ideas compelling behaviors, publicada nesse curioso periódico - Literal - registra corretamente que o conteúdo de um vício é menos importante do que a natureza obsessiva do comportamento em questão. O prazer físico ou moral do vício é apenas um objetivo tático, cuja racionalidade última é claramente duvidosa. É a cegueira do pecador, comentada por Segneri.

O objetivo do vício, na verdade, é distrair o espírito de uma chaga ou de uma angústia realmente penosa. O medo primal dessa condição é que empurra os humanos para a obsessão do vício. Esse fato explica, de uma forma bem direta, o fenômeno descrito por Segneri. A muitos, Satanás nem precisa tentá-los: correm atrás do vício e do pecado por livre e espontânea vontade. Pedem por uma tentação, pedem pela condenação.

Hollis e Segneri, contudo, nos deixam sem uma explicação para a origem dessas chagas. O jesuíta desculpa Satanás; o psicanalista alude ao desconhecido:




Falar em inconsciente é falar do que não pode ser examinado diretamente. Do contrário, seria consciente. Sendo inconsciente, como pode ser levado em conta pela consciência? Segneri, ao menos, não aventura sofismas. Sêneca escreveu melhor: Tempestates nos animi quotidie iactant. Está na Epístola LXXXVIII.



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