Ao fim de fevereiro e completados dois meses de resenhas, o breve artigo de Marucci ilumina o aspecto mais fascinante da personalidade intelectual de Segneri. Sua fina capacidade de observação psicológica não pode ser atribuída apenas às sutilezas de um orador sacro. Segneri devotou boa parte de sua vida pastoral às missões evangélicas junto aos camponeses do interior da Itália, com espantoso sucesso. Percorria as pequenas cidades do campo levando uma mensagem de arrependimento e correção, obtendo resultados consistentes e tornando-se adorado pelas massas rurais.
O exame dos registros das missões, feitos pelo punho de Segneri, mostra ainda como ele corrigia e adaptava suas técnicas e sermões de acordo com a experiência colhida no campo de trabalho. A técnica jesuíta do teatro da fé, um espetáculo catártico baseado no sucesso do teatro profano, era, assim, sofisticada ao ponto de incluir a participação do público, que subia ao altar para receber o aplauso geral pela confissão, pela correção de seus caminhos ou pela entrega ao fogo dos intrumentos do pecado: dados, cartas de baralho, etc.
O sucesso de Segneri como agente a ator do teatro da fé, que o levava, inclusive, a violar a proibição de flagelação em público, conduz naturalmente à indagação sobre o declínio da prática ao longo do século XVIII. É visível um paralelismo com o declínio da música religiosa. Afinal, o que havia de errado com o espetáculo da fë?
Valerio Marucci, "Paolo Segneri e le missioni rurali". in Paolo Segneri: un classico della tradizione cristiana. Atti del Convegno Internazionale di Studi su Paolo Segneri nel 300° anniversario della morte (1694-1994). Nettuno, 9 de dezembro de 1994, 18-21 de maio de 1995.
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