A conexão entre a obra religiosa e filosófica de Hindmarsh e as sugestões de Segneri sobre a cidade de cada um é certamente arbitrária, mas, ainda assim, sugestiva. Toda configuração é uma escolha e o conceito topológico chave, nesses casos, é a mera compactividade. É possível construir uma espaço compacto entre Segneri e Hindmarsh? Ou, por outra, tomando como suposta a compactividade, qual a topologia a ser descrita?
Nunca estive convencido de que as visões acadêmicas sobre a disciplina filosófica encerram o debate sobre a topologia do espírito. A ciência popperiana pode se dar ao luxo de uma descrição mais precisa de seus limites; o que chamamos de filosofia vai além disso e poderá encobrir fenômenos - como rituais ou a formação de discípulos - antes desconsiderados. Ellenberger, por exemplo, notou há tempos que o traço distintivo da psicanálise não é sua teoria da mente humana, partilhada com várias outras abordagens, mas sua insistência no controle estrito de seus praticantes. Em uma corrente política, esse controle faz um sentido, mas em uma disciplina espiritual, suas implicações são outras.
Essa abordagem não é original. Benjamin extraiu lições importantes do estudo de autores marginais do barroco alemão e mesmo Voltaire chamou atenção para objetos não convencionais, como o fanatismo. A escolha de Segneri como centro de uma análise filosófica do domínio espiritual oferece perspectivas topologicamente novas sobre o passado e sobre o futuro das coisas que são escritas.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
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