No versículo I Coríntios, 9.27, chega mesmo a dizer que o pregador da palavra de Deus deve submeter seu corpo à disciplina para que não seja "reprovado". O termo grego empregado, adokimos, é de natureza esportiva: descreve o descarte, pelo juiz, de quem não tem condições de concorrer. Segneri, por sua vez, sugere que Cristo mesmo seja o grande corredor, o grande atleta.
O caráter sacro do vencedor da competição esportiva era também uma imagem corrente e muito de sua solenidade pode ser atribuída à poesia de Píndaro (522 a. C. - 443 a.C). Suas odes são o melhor registro da nobre visão da Antiguidade sobre o atleta vencedor, capaz de levar a fama eterna para si e para os seus:
(50) ... Zeus concede o bem e o mal, Zeus o senhor de tudo.
Mas honras tais como estas bem recebem a alegria do triunfo,
coberta com o delicioso mel da canção.
(55) Deve o homem disputar e contender nos jogos
se aprendeu com a estirpe de Cleônicos.
O longo treino de seus homens não se esconde na cega escuridão
nem o pensamento de seu custo estremece sua devoção à esperança.
Celebro Píteas também entre os lutadores que domam os membros
(60) com hábeis mãos guiando retamente os golpes de Filácidas
cuja mente é sem igual.
Toma uma guirlanda para ele e um fio da lã mais fina
envia-os com esta alada canção.
Ode Ístmica 5. Para Filácidas de Egina, vencedor do pancrácio em 478 a.C.
Não falta a Segneri, contudo, uma referência local ao heroísmo de uma competição esportiva, transparente no uso do termo palio. Como se sabe, trata-se de uma tradição medieval de fundo religioso, uma corrida de cavalos sem sela, realizada em Asti ao menos desde o ano 1275 e em várias outras cidades italianas. Palio é o nome de uma peça de roupa, usada em Roma como manto, que marcava o local do fim da corrida e era também o prêmio do vencedor.
Imagem do Palio de Asti. Século XVIII.
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