O problema, como nota Segneri, é a carne. Enquanto isso, as utopias médicas contemporâneas vendem aos tolos uma juventude infinita, incompatível com o conceito de carne. A retórica das paixões libertadoras condenam todos a um amargo fim, que raramente se vê nos cinemas. Uma espécie de morte civil, como a que acometia as criaturas de Swift. Qualquer hipótese futurista sobre a juventudade eterna apenas viola a estrutura da condição humana. A mortificação, nesse sentido, é uma resposta mais consistente.
O poder da amarga imortalidade da velhice ganhou uma versão inesperada e arguta em um filme recente, The Hunger (1983). No roteiro de James Costigan, Ivan Davis, Whitley Strieber e Micahel Thomas, os vampiros hedonistas - uma metáfora dos adultos-crianças modernos que não querem envelhecer e se alimentam de mitologias crepusculares - terminam alcançados pela moléstia da carne, a que mais temem: a decrepitude. Imortais, não conseguem, contudo, morrer. Vegetam em um sótão.
David Bowie como John Blaylock, em The Hunger
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