terça-feira, 5 de janeiro de 2010

cortesas son et essenhadas

A levitação religiosa – reportada na biografia de Segneri - não é um fenômeno incomum, nem específico do cristianismo, ainda que o século XVII tenha registrado um verdadeiro surto, inclusive nas Américas hispânicas. Nenhum santo, contudo, tornou-se mais célebre por suas levitações que São José de Cupertino (1603-1663). Capucinho, notório por suas escassas habilidades mentais, Cupertino tornou-se um mito por sua espetacular levitação pública em 4 de outubro de 1630. Seus êxtases religiosos rotineiros geralmente conduziam à levitação e apenas a ordem dos superiores encerrava o fenômeno. Chegou mesmo a voar diante de Urbano VIII.

Como também era típico do ambiente religioso do século XVII, tais êxtases, contudo, nunca foram bem vistos pela hierarquia religiosa e a Inquisição terminou levando Cupertino a longos anos de exílio em conventos. Alexandre VIII, contudo, lhe permitiu maior liberdade no fim da vida e o santo voltou a atrair multidões. Clemente XIII o canonizou em 1767, fato que levou M. de Voltaire a escrever um engraçadíssimo libelo, “A canonização de São Cucufino”. São José de Cupertino tornou-se o padroeiro dos pilotos de avião e dos astronautas, assim como dos que têm dificuldades para passar em concursos.

Há um livro notável de Pietro Manni. Il frate volante. San Giuseppe da Copertino nella cultura e nella memória (2003).





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