Notar a simetria com o Universo ou com os comandos de Deus é apenas repor o problema. Por que a escolha desse número em particular, o sete? O maior primo antes de dez, o primeiro número depois do número perfeito. Insondável porque foi criado o Mundo em sete dias e tanto assim será porque há sete pecados capitais.
Sete talvez seja uma maneira elegante de dizer que são muitos e variados, mas não inumeráveis, imprecisos, indistintos. Sete não é pouco, não é simétrico, e muitas são as faces do Mal.
O Vaticano, portanto, fez bem em esclarecer, em março de 2008, que não estava editando nenhuma lista de novos pecados ou ampliando o número canônico para incorporar pecados capitais como, por exemplo, jogar esgoto em um rio. A modernidade bem sabe que a desmoralização dos pecados está em seu número infinito.
O fato realmente relevante, pois, é a decisão de rejeitar a indistinção, de insistir em um mapa com pontos precisos, com itinerários de um mal a outro. Tranquilizar-se com a idéia de que o inimigo é finito, que é viável uma estratégia, que não seremos assediados por males desconhecidos, por tentações novas e imprevistas.

(Imagem: Bosch. Sete Pecados Capitais. 1495).
Nenhum comentário:
Postar um comentário