Sobre Romanos 8.17, o trecho comentado por Segneri no século XVII, escreveu Karl Barth no século XX:
"Nossa humana presente existência - ela mesma não eterna, mas trazendo em si a eternidade não nascida - é encoberta pelo sofrimento, como um manto escuro, por uma espada desembainhada, por uma parede alta. Em si mesma, nossa vida é contestável; não há nela repouso, pois, sendo finita, é definida e constituída pela ambiguidade. Nossas experiências das limitações temporais de nossa existência, do estreito vazio de nossos poderes, das grandes e pequenas tribulações que, como fragmentos da Terra, devemos suportar em dor, são apenas sombras de nossa finitude. O que cedo ou tarde encontraremos como barreira final é a Dor em nossa dor. Não devemos permanecer em ignorância que a este ponto Deus dirige Sua questão a nós e que para ele também Ele prepara a Sua resposta. No Espírito, o segredo de Deus não pode ser escondido. No Espírito, podemos perceber o sentido de nossa vida, manifestado como sofrimento. No Espírito, sofrimento, suportado e aceito, pode se tornar nosso avanço em direção à glória de Deus. Esta revelação do segredo, esta compreensão de Deus no sofrimento é a ação de Deus em nós. Tal compreensão é o testemunho do Espírito, pelo qual é permitido à Verdade ser a Verdade e também a garantia de que somos filhos de Deus e, como tais, herdeiros de sua glória." (Epístola aos Romanos, OUP, 1968, pág 301)
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Ipse Spiritus testimonium
Considera, che testimonianza sia questa, che lo Spirito Santo ci rende, di esse noi figliuoli di Dio. Não é eterna, como aquela que Cristo recebeu no Jordão; mas é interna; pois que se diz que a dá pela via do Espírito, não dos olhos ou dos ouvidos. Ela consiste no íntimo senso de amor filial. Opera por amor, não por temor. Sua nobre consequência é ser herdeiro de Deus. Muito melhor que ser herdeiro terreno, pois só herdam quando morto é o pai. A outra herança é o Pai ele mesmo. Nem se divide com outros filhos. E somos herdeiros também de Cristo; coisa maravilhosa: que outro filho natural buscou outros herdeiros para seu Pai? Mas esta herança celestial não se conquista como as terrenas, sem mérito, sem busca, às vezes dormindo. É preciso conquistá-la. Se queres reinar com Cristo, precisas sofrer com Cristo. Benche quando mai dovrai tu patire una minima particella di ciò c'hà patito Cristo? Patirai con Cristo, ma non patirai come Cristo.
(marzo xxiv...Ipse Spiritus testimonium reddit... Rom. 8. 17)
(marzo xxiv...Ipse Spiritus testimonium reddit... Rom. 8. 17)
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Dar Rumani nu vor pacea
Lê-se na internet que, dentre os artefatos produzidos pelo homem e preservados pela História, os mais numerosos são os potes de maquiagem do antigo Egito. Milhões jazem espalhados como lixo pelos desertos em torno do rio Nilo, um mudo testemunho da vaidade e também da indústria humana. O prestígio dessa atividade é tamanho que recentemente fabricantes franceses de cosméticos buscaram recuperar suas técnicas e seus desenhos.
O esforço de tornar eterno o efêmero esbarrou, contudo, em realidades mais prosaicas: boa parte das substâncias cosméticas usadas no antigo Egito provocam sérias intoxicações por metais ou irritações cutâneas intoleráveis para os padrões sanitários modernos.
Este é apenas um exemplo da observação precisa de Segneri, baseada em um texto célebre do Evangelho. Adorar as coisas desse mundo, para o homem, é, na verdade, adorar as coisas de apenas um século, talvez menos. Os padrões de beleza, de consumo, de luxo, de ostentação mudam constantemente. O Biltmore Estate, na Carolina do Norte, foi construído como exibição de fortuna privada, passou a museu e está reduzido a um hotel. As ilusões amadas pelos homens de um século são irreconhecíveis para os homens de outro século. Cigarros já foram considerados sinal de riqueza e sofisticação. Amar as coisas desse mundo é amar coisas que estão condenadas à morte ou ao ridículo.
A eternidade tão ambicionada pelos homens, a extensão ou o sentimento da extensão temporal, pode ser apenas sugerida pelas coisas que são eternas, como Deus. Um contemporâneo de Segneri escreveu, no último livro de sua obra sobre ética, que o amor intelectual de Deus é eterno e mais: "do terceiro gênero de conhecimento necessariamente surge o amor de Deus. Deste tipo de conhecimento nasce o prazer acompanhado pela idéia de Deus como causa, ou seja, o amor de Deus; não enquanto o imaginamos presente, mas enquanto o entendemos como eterno".
O esforço de tornar eterno o efêmero esbarrou, contudo, em realidades mais prosaicas: boa parte das substâncias cosméticas usadas no antigo Egito provocam sérias intoxicações por metais ou irritações cutâneas intoleráveis para os padrões sanitários modernos.
Este é apenas um exemplo da observação precisa de Segneri, baseada em um texto célebre do Evangelho. Adorar as coisas desse mundo, para o homem, é, na verdade, adorar as coisas de apenas um século, talvez menos. Os padrões de beleza, de consumo, de luxo, de ostentação mudam constantemente. O Biltmore Estate, na Carolina do Norte, foi construído como exibição de fortuna privada, passou a museu e está reduzido a um hotel. As ilusões amadas pelos homens de um século são irreconhecíveis para os homens de outro século. Cigarros já foram considerados sinal de riqueza e sofisticação. Amar as coisas desse mundo é amar coisas que estão condenadas à morte ou ao ridículo.
A eternidade tão ambicionada pelos homens, a extensão ou o sentimento da extensão temporal, pode ser apenas sugerida pelas coisas que são eternas, como Deus. Um contemporâneo de Segneri escreveu, no último livro de sua obra sobre ética, que o amor intelectual de Deus é eterno e mais: "do terceiro gênero de conhecimento necessariamente surge o amor de Deus. Deste tipo de conhecimento nasce o prazer acompanhado pela idéia de Deus como causa, ou seja, o amor de Deus; não enquanto o imaginamos presente, mas enquanto o entendemos como eterno".
Representação contemporânea da maquiagem egípcia.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Quicunq volueriti amicus
Considera, che Secolo è una misura di ciò che passa, e misura massima. Primeiro é a hora, depois o dia, depois a semana, depois o mês, depois o ano, depois vem o século. E é nesse tempo que se gozam as coisas: um século só. Deus, ao contrário, é imortal e imutável, não se submete a nenhuma medida do tempo. Quais bens preferes? Os do século? Ou os eternos? Seria impossível duvidar da escolha, não fossem tantos os que preferem o século. Vêem o presente, não o futuro. Quem é amigo do século, é inimigo de Deus. Veja que não estar no século, mas ser amigo do século. Ma come mai potrai giungere a questo stesso [a lei de Deus]?Col pensare spesso fra te, che cosa sono alla fine tutti que' beni, che il Secolo ti può dare, i suoi piaceri, le sua richezze, i suoi onori. Se pur son beni, sono al più lungo tutti beni di un Secolo.
(marzo xxiii... Quicunq volueriti amicus... Iac.4.14)
* (A passagem é Tiago 4, 4)
(marzo xxiii... Quicunq volueriti amicus... Iac.4.14)
* (A passagem é Tiago 4, 4)
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